Autoria:
GIFTED, ?laze Gabriel. Os três pilares da metodologia da pesquisa científica: uma revis?o da literatura. Revista ?gora. Unimes Virtual. Volume 1. Número 1. Dezembro de 2015.
Forma??o do autor:
Graduado em Gest?o Empresarial (2012);
Pós graduado no MBA em finan?as e controladoria UBC (2014);
Pós graduado em Docência e Pesquisa para o Ensino Superior (2015).
RESUMO
O
artigo busca refletir sobre os três pilares constituintes da
metodologia da pesquisa científica, quais sejam: o epistemológico,
o lógico e o técnico. Realiza de forma bastante abrangente, porém
n?o exaustiva, uma revis?o da literatura crítica sobre o tema,
buscando clarear a sua correta compreens?o e o seu adequado uso.
Para tanto, utiliza: o método crítico-dialético, ou
histórico-estrutural, como a base lógica da sua investiga??o; o
método hipotético-dedutivo, como a base da sua estrutura de
pensamento; e o método observacional n?o participante, do tipo
bibliográfico, como a base procedimental da sua investiga??o.
Conclui que, no que tange aos óbices para o progresso científico,
dentre os principais est?o as imperfeitas interpreta??es humanas e
as más adequa??es e ou aplica??es dos métodos de pesquisa por
parte do pesquisador. Por fim, considera e apresenta a ética como
elemento propulsor da autêntica cientificidade.
Palavras-chave:
Pesquisa
científica. Metodologia científica. Ensino
Superior.
THREE
PILLARS OF THE METHODOLOGY OF SCIENTIFIC RESEARCH: A LITERATURE
REVIEW
ABSTRACT
The article seeks to reflect on the three constituent pillars of the scientific research methodology, namely: the epistemological, logical and technical. It performs quite comprehensive, but not exhaustive review of the critical literature on the subject, trying to lighten their correct understanding and proper use. For this, use: the critical-dialectical method, or historical-structural, as the rationale for their research; the hypothetical-deductive method, as the basis of his thought structure; and the non-participant observational method, the bibliographical, procedural as the basis of their research. It concludes that, with respect to obstacles to scientific progress, are among the main imperfect human interpretations and bad adjustments and or application of research methods by the researcher. Finally, it considers and presents ethics as propellant element of authentic scientific.
The article seeks to reflect on the three constituent pillars of the scientific research methodology, namely: the epistemological, logical and technical. It performs quite comprehensive, but not exhaustive review of the critical literature on the subject, trying to lighten their correct understanding and proper use. For this, use: the critical-dialectical method, or historical-structural, as the rationale for their research; the hypothetical-deductive method, as the basis of his thought structure; and the non-participant observational method, the bibliographical, procedural as the basis of their research. It concludes that, with respect to obstacles to scientific progress, are among the main imperfect human interpretations and bad adjustments and or application of research methods by the researcher. Finally, it considers and presents ethics as propellant element of authentic scientific.
Keywords: Scientific Research. Scientific methodology. Higher education.
TRES
PILARES DE LA METODOLOG?A DE LA INVESTIGACI?N CIENT?FICA: UN
ESTUDIO DE LA LITERATURA
RESUMEN
El artículo pretende reflexionar sobre los tres pilares que constituyen la metodología de la investigación científica, a saber: el epistemológico, lógico y técnico. Se realiza revisión bastante completa, pero no exhaustiva de la literatura crítica sobre el tema, tratando de aligerar su correcta comprensión y uso adecuado. Para ello, utilice: el método crítico-dialéctico o histórico-estructural, como la justificación de su investigación; el método hipotético-deductivo, como base de su estructura de pensamiento; y el método de observación no participante, la bibliográfica, procesal como la base de sus investigaciones. Llega a la conclusión de que, con respecto a los obstáculos para el progreso científico, son algunas de las principales interpretaciones imperfectos humanos y malos ajustes y o la aplicación de métodos de investigación por el investigador. Por último, se considera y presenta la ética como elemento propulsor de la auténtica científica.
El artículo pretende reflexionar sobre los tres pilares que constituyen la metodología de la investigación científica, a saber: el epistemológico, lógico y técnico. Se realiza revisión bastante completa, pero no exhaustiva de la literatura crítica sobre el tema, tratando de aligerar su correcta comprensión y uso adecuado. Para ello, utilice: el método crítico-dialéctico o histórico-estructural, como la justificación de su investigación; el método hipotético-deductivo, como base de su estructura de pensamiento; y el método de observación no participante, la bibliográfica, procesal como la base de sus investigaciones. Llega a la conclusión de que, con respecto a los obstáculos para el progreso científico, son algunas de las principales interpretaciones imperfectos humanos y malos ajustes y o la aplicación de métodos de investigación por el investigador. Por último, se considera y presenta la ética como elemento propulsor de la auténtica científica.
Palabras
clave:
Investigación Científica. La metodología científica. Educación
Superior.
INTRODU??O
A
Metodologia, enquanto disciplina, preocupa-se, a
priori,
com o estudo das fases, das abordagens e dos meios lógicos de
investiga??o de um determinado objeto. O termo metodologia
deriva-se da express?o latina “methodus”
que significa caminho ou meio para a realiza??o de algo, e da
express?o grega “logos”
que significa estudo, análise. Logo, metodologia da pesquisa vem a
ser, a
priori,
o estudo dos meios ou caminhos adequados para se investigar um objeto
(BARROS e LEHFELD, 2000, 2007).
Existem
vários critérios para se classificar ou se caracterizar a pesquisa
científica, dentre eles a natureza, o modo da obten??o das
informa??es, a abordagem e os objetivos (RODRIGUES, 2006; GIL,
2010). Por exemplo, quanto à natureza a pesquisa científica pode
ser um trabalho original, primário, ou um resumo ou uma resenha de
assuntos, secundário; quanto à obten??o de informa??es, ela
pode ser bibliográfica, documental, de campo ou de laboratório;
quanto à abordagem, ela pode ser quantitativa, qualitativa ou mista;
quanto aos objetivos, ela pode ser exploratória, descritiva ou
explicativa (CRESWELL, 2010; RODRIGUES, 2006).
O
que Gil (1999) denomina métodos que determinam as bases lógicas de
investiga??o e métodos que indicam os meios técnicos de
investiga??o, o geógrafo Rodrigues (2006) denomina métodos de
abordagem e métodos de procedimento, respectivamente. Neste
diapas?o, Rodrigues (2006, p. 137-143) apresenta, sinteticamente,
cinco métodos de abordagens, quais sejam:
O
método
indutivo
é aquele pelo qual uma lei geral é estabelecida a partir da
observa??o e da repeti??o de regularidades em casos particulares,
isto é, por meio de observa??es particulares, chega-se à
afirma??o de um princípio geral. [...]
Ao
contrário da indu??o, o método
dedutivo
é um processo de raciocínio lógico que, a partir de princípios e
proposi??es gerais ou universais, chega a conclus?es menos
universais ou particulares. [...]
O
método
hipotético-dedutivo
[...] consiste na formula??o da no??o de falseabilidade como
critério fundamental para a explica??o das teorias científicas.
[...]
O
método
dialético
procura contestar uma realidade posta, enfatizando as suas
contradi??es. Para toda tese, existe uma antítese que, quando
contraposta, tende a formar uma síntese. [...]
O
método
fenomenológico é
o estudo dos fen?menos, em si mesmos, apreendendo sua essência,
estrutura de sua significa??o. [...] A fenomenologia consiste na
descri??o de todos os fen?menos [...]
(grifos
meus)
Em
seguida, Rodrigues (2006, p. 143-149) apresenta sinteticamente oito
métodos de procedimento, a saber:
O
método
estatístico
fundamenta-se na utiliza??o da estatística para a investiga??o
de um fen?meno ou objeto de estudo. Esse método contribui para a
coleta, a organiza??o, a descri??o, a análise e a interpreta??o
de dados, e para a utiliza??o desses dados na tomada de decis?es.
[...]
O
método
comparativo
conduz à investiga??o por meio da análise de dois ou mais fatos
ou fen?menos, procurando ressaltar as diferen?as e similaridades
entre eles. [...]
O
método
experimental consiste
em submeter o fen?meno estudado à influência de certas variáveis,
em condi??es controladas e conhecidas pelo pesquisador, para
verificar os resultados que essas variáveis produzem no objeto.
[...]
O
método
tipológico
consiste na elabora??o de modelos ideais que servem para análise
ou avalia??o de uma realidade concreta. [...]
O
método
histórico
conduz à investiga??o a partir do estudo dos acontecimentos, dos
processos e das institui??es do passado, procurando explicar sua
influência na vida social contempor?nea. [...]
O
método
funcionalista
estabelece uma analogia entre a sociedade e o organismo. Estuda os
fen?menos sociais a partir de suas fun??es, analisando as partes
inter-relacionadas e interdependentes para compreender o
funcionamento do todo, isto é, o sistema social total. [...]
O
método
estruturalista
é utilizado para o estudo de culturas, linguagens, etc., como um
sistema em que os elementos constituintes mantém, entre si, rela??es
estruturais. [...]
O
método
clínico é
usado principalmente por psicólogos em uma rela??o entre o
pesquisador e o pesquisado. [...]
Com
base nesses pressupostos apresentados por Gil (1999; 2010) e por
Rodrigues (2006), percebe-se que essas maneiras exemplificadas de
dimensionar a Metodologia
s?o bastante confusas, imprecisas, incoerentes, visto que,
valendo-se do princípio lógico da n?o contradi??o, os pilares
epistemológico, lógico e técnico diferem entre si, n?o podendo
ser partes integrantes um do outro, embora os três componham os
pilares fundamentais da metodologia da pesquisa científica.
Inobstante, n?o somente essa, mas as divis?es em geral atualmente
adotadas para os pilares metodológicos da pesquisa científica s?o
igualmente confusas e longe passam de abarcar todos os seus
principais aspectos e, amiúde n?o facilitam o trabalho do
pesquisador quando de sua investiga??o (TEIXEIRA, 2012; BARROS e
LEHFELD, 2000; GIL, 1999; 2010; RODRIGUES, 2006).
A
percep??o da imensa imprecis?o terminológica, conceitual,
taxon?mica e conteudal presente na vasta literatura crítica
consultada
sobre
a metodologia da pesquisa científica foi a minha principal motiva??o
para a constru??o desse compêndio. Ent?o, quando eu observei
atentamente as palavras de Barros e Lehfeld (2000; 2007), eu
constatei que elas deixam facilmente compreendido que os pilares
metodológicos da metodologia da pesquisa científica consistem em
três eixos fundamentais: a base
epistemológica de investiga??o,
que indica a forma de conceber a ciência, o homem e o mundo em que
ela é produzida; a base
lógica de investiga??o,
que indica a estrutura dos pensamentos e a sequência das fases da
pesquisa; e a base
técnica de investiga??o,
que indica os ritos procedimentais, no que concerne à(s)
abordagem(ns), à(s) técnica(s) e aos instrumentos utilizados. Na
perspectiva de dimensionar a divis?o da Metodologia de uma maneira
mais precisa, coerente e consistente eu considero os seus dizeres
(BARROS e LEHFELD, 2000, p. 13) como fundantes do presente trabalho:
[…]
é possível dimensionar a divis?o da Metodologia
em três aspectos interconectados, ou seja, o epistemológico, o
lógico e o técnico, elementos necessários à constru??o da
Ciência:
a)
Epistemológico:
refere-se
ao estudo das quest?es que se pode levantar na procura da verdade,
discuss?o dos limites, alcance e valor dos métodos científicos
(estudo crítico dos métodos científicos);
b)
Lógico:
sup?e a organiza??o lógica do raciocínio na prática da
investiga??o e da a??o científica;
c)
Técnico:
é
o científico das técnicas e procedimentos específicos utilizados e
contextos particulares das pesquisas temáticas problematizadas nas
diferentes ciências.
Embora
haja algumas maneiras distintas de se apresentar a metodologia da
pesquisa científica, conforme encontrado na literatura crítica
sobre o tema (TEIXEIRA,
2012; BARROS e LEHFELD, 2000; 2007; GIL, 1999; 2010; RODRIGUES,
2006). Por
exemplos, Gil (1999; 2010) e Rodrigues (2006), aquela que Barros e
Lehfheld (2000; 2007) explana é, a meu ver, bastante coerente, raz?o
pela qual é tomada como base para esse artigo, que se encontra em
andamento, mas em fase avan?ada de elabora??o.
S?o
três os pilares da metodologia científica apresentados por Barros e
Lehfeld (2000; 2007), quais sejam: o epistemológico,
o lógico
e o técnico.
No meu trabalho, que estou elaborando com fundamentos na vasta
literatura crítica sobre o tema e com o auxílio das disciplinas
cursadas em Gest?o de Negócios e no MBA em finan?as e
controladoria bem como em outras que estou cursando na pós-gradua??o
lato sensu em Docência e pesquisa para o ensino superior, onde há
uma explana??o de forma bastante original cada um desses pilares.
Para tanto, utiliza-se o método crítico-dialético, como o seu
pilar epistemológico; o método hipotético-dedutivo, como o seu
pilar lógico; e o método observacional n?o participante dos tipos
bibliográfico e documental, como o seu pilar técnico.
Assim
,
é indubitável que, ao rever de forma t?o abrangente a literatura
crítica do tema e ao apresentá-la com máxima clareza e
objetividade, o autor cumpre a sua finalidade de desmistificar o
processo da pesquisa científica, mostrando que, apresar de seu
desenvolvimento ser bastante trabalhoso e rigoroso no que tange às
normas técnicas de elabora??o e apresenta??o, consiste em uma
tarefa relativamente simples e completamente realizável a todo(a)
pesquisador(a), ainda que incipiente, e que se torna cada vez mais
agradável na medida em que ele(a) ganha quilometragem nessa
fantástica experiência.
Digno
de nota que ao me aludir aos três pilares
da
metodologia da pesquisa científica, eu chamo à
aten??o dois aspectos chave: primeiro,
as bases constituintes da ciência, tal como as colunas bem
ferramentadas e bem cimentadas que sustentam uma edifica??o, sem as
quais a sua estrutura enfraquece, ou seja, a cientificidade da
pesquisa se atenua ao ponto de se tornar vulnerável a qualquer teste
de falseabilidade; e segundo,
que
o conteúdo aqui apresentado n?o exaure o tema investigado,
consistindo naquilo que o autor considera o mais importante e
necessário no processo de investiga??o científica, deixando,
desse modo, margem para ulteriores aprofundamentos (TEIXEIRA, 2012;
BARROS e LEHFELD, 2000; 2007; GIL, 1999; 2010; RODRIGUES, 2006).
O
PILAR EPISTEMOL?GICO
O
pilar
epistemológico
refere-se ao conjunto de pressupostos ontológicos, morfológicos,
gnosiológicos, teóricos e éticos, norteadores da pesquisa
científica em um nível estratégico. ?, portanto, o pilar
estratégico,
ou diretivo,
da pesquisa científica. Considera sensivelmente a concep??o de
homem, de vida, de mundo, de ciência e de ética que o pesquisador
tem tanto quanto as suas rela??es com o objeto da sua investiga??o
(GILES, 1979; PIAGET, 1973; K?CHE, 1997; TEIXEIRA 2012; EL-GUINDY,
2004; VERGARA, 2012).
Por essas raz?es, os seus enfoques (métodos) podem ser
apropriadamente denominados bases
estratégicas da investiga??o
ou bases
diretivas constitucionais da investiga??o.
A
base
diretiva da investiga??o fenomenológico-hermenêutica
concebe a ciência como a compreens?o dos fen?menos em suas
diversas manifesta??es; o
homem é tido como projeto, ser inacabado, ser de rela??es com o
mundo e com os outros; defende a transi??o de uma vis?o
sincr?nica, como
que um “raio x” do fen?meno,
para
uma vis?o diacr?nica; defende a transcri??o de uma vis?o
isolacionista, homogênea, n?o-conflitiva para uma vis?o din?mica.
Seu caráter é cientificista,
isto é, o conhecimento é teórico, abstrato, resultado do
raciocínio. Ela tem por objetivo a explora??o
descritiva do comportamento de um fen?meno,
isto é, de um fato observado externamente. Por essa raz?o, o grau
de aproxima??o entre sujeito pesquisador e objeto investigado por
uma pesquisa dirigida por essa base é levemente sensível, e ela
foca, n?o nas causas e nos efeitos, mas na descri??o da realidade
do objeto investigado (TEIXEIRA 2012; VERGARA, 2012).
A
base
diretiva da investiga??o empírico-analítica
concebe que a
ciência tem como finalidade a procura das causas dos fen?menos e a
explica??o dos fatos pelos condicionantes e os antecedentes que os
geram; o homem é definido pelo seu perfil, é tido como recurso
humano (imput)
ou produto do processo (output),
como agente, funcionário; considera uma preocupa??o sincr?nica:
vis?o geral e instant?nea do objeto estudado (a foto do fato);
defende uma vis?o fixista, funcional, predefinida e predeterminada.
Seu caráter é tecnicista,
isto é, o conhecimento é prático, aplicado, resultado da
experiência. Ela tem por objetivo a experiência
do objeto investigado,
ou seja, o objeto é uma experiência vivenciada pelo sujeito
pesquisador. Por essa raz?o, o grau de aproxima??o entre sujeito
pesquisador e objeto investigado por uma pesquisa dirigida por essa
base é ligeiramente sensível, o que facilita a precis?o na sua
análise (TEIXEIRA,2012; VERGARA 2012).
A
base
diretiva da investiga??o crítico-dialética
concebe a
ciência como produto da a??o do homem e, portanto, tida como uma
categoria histórica e a produ??o científica uma constru??o; o
homem é tido tanto como ser social e histórico, determinado pelos
múltiplos contextos como criador e transformador de múltiplos
contextos; defende uma preocupa??o diacr?nica: vê a din?mica do
objeto estudado, o movimento (o filme do real); defende um vis?o
din?mica, conflitiva, heterogênea, ou seja, uma percep??o
organizada da realidade que se constrói através da prática
cotidiana do pesquisador e das condi??es concretas de sua
existência.
Seu caráter é historicista,
ou seja, situado entre o caráter cientificista e o caráter
tecnicista. Ela tem como objetivo a historiciza??o
do objetivo investigado,
levando-se em considera??o as suas causas e os seus efeitos nos
campos cívico, moral, econ?mico, sociológico, tecnológico,
religioso, político e científico da vida humana. Por essa raz?o, o
grau de aproxima??o entre sujeito pesquisador e objeto investigado
por uma pesquisa dirigida por essa base é moderadamente sensível, e
ela é bastante comum nos estudos interdisciplinares (TEIXEIRA, 2012;
VERGARA, 2012).
O
PILAR L?GICO
O
pilar
lógico
refere-se ao conjunto de pressupostos estruturais do pensamento,
norteadores da pesquisa científica em um nível tático. ?,
portanto, o pilar
tático,
ou gerencial,
da pesquisa científica. Considera o ponto exato de partida do
raciocínio utilizado bem como as nuances dos seus avan?os. Por essa
raz?o, os seus enfoques (métodos) podem ser apropriadamente
denominados bases
táticas da investiga??o
ou bases
estruturais do pensamento da investiga??o (CRESWELL,
2010; TRIVI?OS, 1987).
A
base
estrutural de pensamento silogístico-indutiva, também
denominada lógica
teorética,
é aquela que parte de um conjunto de proposi??es que seguem uma ou
mais tendências
teoréticas
específicas
(particulares) e ruma para conclus?es
generalizadas
(gerais). Por essa raz?o ela é mais utilizada em estudos
cientificistas, ou seja, aqueles mais voltados para o campo das
abstra??es. (MARCONI e LAKATOS, 2003; 2007; 2008; GIL, 1999; 2010).
A
base
estrutural de pensamento sem?ntico-indutiva,
também denominada lógica
produtiva,
é aquela que parte de um conjunto de proposi??es que seguem uma ou
mais tendências
sem?nticas específicas
(particulares) e ruma para conclus?es
generalizadas
(gerais). Por essa raz?o ela é mais adequada para estudos
historicistas, cujas sem?nticas precisam ser interpretadas sempre
levando-se em considera??o as causas e os efeitos do objeto
investigado em todos os campos da vida humana. (MARCONI e LAKATOS,
2003; 2007; 2008; GIL, 1999; 2010; CHAU?, 2008).
A
base
estrutural de pensamento pragmático-indutiva, também
denominada lógica
prática,
é aquela que parte de um conjunto de proposi??es que seguem uma ou
mais tendências
pragmáticas específicas
(particulares) e ruma para conclus?es
generalizadas
(gerais). Por essa raz?o ela é mais adequada para estudos
tecnicistas, ou seja, aqueles mais voltados para o campo das
técnicas. (MARCONI e LAKATOS, 2003; 2007; 2008; GIL, 1999; 2010;
CHAU?, 2008).
A
base
estrutural de pensamento axiomático-dedutiva é
aquela que parte de um conjunto de axiomas
genéricos
(gerais) e ruma para conclus?es
específicas
(particulares). Normalmente ela é mais utilizada na área das
ciências exatas e da natureza, devido ao fato de seus estudos, em
geral, serem cientificistas, ou seja, mais voltados para o campo das
abstra??es. (CRESWEL, 2010; GIL, 1999; 2010).
A
base
estrutural de pensamento hipotético-dedutiva
é aquela que parte de um conjunto de hipóteses
(possibilidades) genéricas
e ruma para conclus?es
específicas
(particulares). Essa base é bastante comum tanto nos estudos
historicistas, quanto nos tecnicistas e nos cientificistas, sejam
eles das ciências humanas, exatas, sociais, da vida, da natureza,
etc. (CRESWEL, 2010; GIL, 1999; 2010).
A
base
estrutural de pensamento silogístico-dedutiva
é aquela que parte de, e somente de, duas proposi??es, uma
genérica e uma específica, chamadas de premissas,
conduzindo o raciocínio a uma conclus?o
particular óbvia.
Essa base nasceu com o renomado filósofo Aristóteles, era em sua
época a mais utilizada, tanto na forma dedutiva quando na indutiva,
sendo hoje mais frequente em estudos cientificistas. (CRESWEL, 2010;
GIL, 1999; 2010; CHAU?, 2008).
O
PILAR T?CNICO
O
pilar
técnico
refere-se ao conjunto de pressupostos de abordagem,
de modalidade
sequencial
(pesquisa mista), de base
e subbase
procedimentais (pesquisa
observacional), de técnicas
e subtécnicas,
de instrumentos,
de recursos
(inclusive o tempo) e de lócus,
norteadores
da pesquisa científica em um nível operacional. ?, portanto, o
pilar
operacional,
ou funcional,
da pesquisa científica. Considera as fases pré-implementatória
(trabalho ou reda??o de ensaio), implementatória (execu??o do
trabalho ou da reda??o de ensaio) e pós-implementatória
(publica??o dos resultados finais) da investiga??o científica
(MARCONI e LAKATOS, 2003; 2007; 2008; GIL, 1999; 2010; ECO, 2012;
THIOLLENT,
2003; 2011; YIN, 2010).
Por essa raz?o, os seus enfoques (métodos) podem ser
apropriadamente denominados bases
operacionais da investiga??o
ou bases
funcionais da opera??o de investiga??o .
As
abordagens
de investiga??o
podem ser qualitativa
(dados e linguagem alfabéticos), quantitativa
(dados e linguagem numéricos) e mista
(um pouco quali, um pouco quanti) (CRESWELL,
2010; RODRIGUES, 2006).
As
modalidades
sequenciais,
inerentes aos métodos mistos de investiga??o, podem ser estratégia
explanatória sequencial,
estratégia
exploratória sequencial,
estratégia
transformativa sequencial,
estratégia
de triangula??o concomitante,
estratégia
incorporada concomitante
e estratégia
transformativa concomitante
(CRESWELL, 2010).
As
bases
procedimentais de investiga??o
podem ser a observacional,
a experimental,
a estatística
e ou a clínica
(GIL, 1999; 2010). Cada uma delas é classificada de acordo com as
técnicas de coleta de dados utilizadas, sendo, portanto, a
observa??o,
a experimenta??o,
a amostragem
e a testagem,
respectivamente.
As
técnicas
de investiga??o
podem ser de coleta
(levantamento bibliográfico, levantamento documental, entrevista,
interven??o, experimenta??o, amostragem, testagem), de registro
(planifica??o manual, planifica??o eletr?nica), de
sistematiza??o
(suposi??es, hipóteses, indaga??es, suspeitas, curiosidades,
conjecturas), de organiza??o
(categoriza??o, codifica??o, tabula??o), de análise
ou interpreta??o
(AD, AC, hermenêutica), de formaliza??o
(TCC, disserta??o, tese, artigo, resenha, periódico, revista,
software,
patente, obra de arte) e de apresenta??o
(exposi??o oral, exposi??o visual, exposi??o mista) (SEVERINO,
2007; GIL, 1999; 2010).
Os
instrumentos
de investiga??o
tratam-se dos materiais utilizados para a coleta dos dados. Podem ser
o protocolo
observacional,
o protocolo
de entrevista,
o diário
de campo,
as escalas
sociais,
os testes,
o questionário,
o formulário
(MARCONI e LAKATOS, 2003; 2007; 2008)
Os
recursos
tratam-se dos requisitos necessários à viabilidade da investiga??o
científica. Podem ser tecnológicos
(hardware,
software,
materiais escolares, laboratórios de informática, bibliotecas),
financeiros
(valores monetários, bolsas de estudo, ajudas de custo, premia??es),
humanos
(grupos de pesquisa, orientadores, coorientadores, coautores,
examinadores, colaboradores, normas justas) e tempo
(cronogramas executáveis, metas alcan?áveis).
Os
lócus
tratam-se dos espa?os físicos, isto é, os lugares onde s?o
realizadas as etapas da investiga??o científica. Podem ser de
coleta
(uma biblioteca), de registro
(um telecentro), de sistematiza??o
(uma pra?a), de organiza??o
(um albergue), de análise
ou interpreta??o
(uma feira de domingo), de formaliza??o
(uma universidade) e de apresenta??o
(um encontro universitário).
Finalmente,os
pilares epistemológico
(estratégico/diretivo), lógico
(tático/gerencial) e técnico
(funcional/operacional) da metodologia da pesquisa científica,
processo compreendido por uma investiga??o sistemática,
estruturada e rigorosa que objetiva produzir um tipo de conhecimento
considerado mais seguro, mais confiável – ainda que inacabado,
provisório e, portanto, sujeito a aprofundamentos ulteriores –,
precisam satisfazer três critérios de verdades: a sintática
(enunciados lógicos, coerentes), a sem?ntica
(consistência na literatura crítica e nos fatos) e pragmática
(exame pareado, aprova??o dos seniores no tema).
Desse
modo, independente do ponto de partida do estudo (axiomas, hipóteses,
tendências sintáticas, sem?nticas ou pragmáticas), uma vez
vencendo todos
os testes de falseabilidade,
o conhecimento n?o é rejeitado e passa a gozar de elevado
status de cientificidade
dentro e fora da comunidade científica, alcan?ando – ou pelo
menos buscando alcan?ar – a universalidade
científica (GILES,
1979; K?CHE, 1997; MENEZES,1938).
METODOLOGIA
Com
fundamentos em renomados autores sobre metodologia da pesquisa
científica, tais como Bêrni e Fernandez (2012), Teixeira (2012),
Eco (2012), Vanconcellos (2010), Creswell (2010), Menezes (1938),
Giles (1979), K?che (1997), Marconi e Lakatos (2003; 2007; 2008),
Gil (1999; 2010), dentre vários outros, foram utilizados, para a
adequada elabora??o do presente artigo científico, os seguintes
métodos:
1. Eixo
epistemológico: método crítico-dialético (ou
histórico-estrutural)
Considerando
que
os
fatos
sociais
n?o
podem
ser
compreendidos
quando
considerados
isoladamente,
abstraídos
de
suas
influências
políticas,
econ?micas
e
culturais,
a
tendência
metodológica
crítico-dialética
fornece
as
bases
para
uma
interpreta??o
din?mica
e
totalizante
da realidade
(GIL,
1999, 2010).
Para Oliveira
(1997, p. 69), s?o as seguintes
as
leis
da dialética:
a)
Cada
coisa
é
um
processo,
isto
é,
uma
marcha,
um
tornar-se.
Se
se
examina
uma
pera,
vê-se
que
é
uma
síntese
moment?nea
deste
processo.
Antes
de
ser
pera
foi
flor
e,
posteriormente,
poderá
ser
uma
árvore.
Conclui-se
que
está,
no
momento,
submetida
a uma lei
interna
de
movimento.
Dessa
forma,
as
coisas
n?o
s?o
consideradas
como
realizadas,
mas,
isto
sim,
em
processo
de
realiza??o.
As
coisas
se
modificam
e
se
transformam
em
virtude
das
leis
internas,
do
seu
autodinamismo
e
das
contradi??es
que
encerram.
b)
Existe
um
encadeamento
dos
processos.
A
flor
se
modifica
em
pera,
esta
em
árvore
e
a
árvore
em
húmus,
este
em
novos
processos
vitais,
químicos
ou
físicos,
meio
ambiente,
etc.
O mundo
é
o
conjunto
de
todos
os
processos,
onde
tudo
sofre
uma transforma??o
concentrada
e
progressiva.
Este
encadeamento
dos
processos
n?o
é
circular,
mas
espiral.
Basta
ver
que
uma
pera
gera
uma
árvore,
mas
uma
árvore
gera
milhares
de
peras,
que
n?o
s?o
integralmente
idênticas
à
ancestral.
c)
No
movimento
dialético,
as
coisas
trazem
em
si
suas
contradi??es.
S?o
levadas
a
transformar-se
no
seu
contrário.
O
vivo,
por
exemplo,
caminha
para
a
morte.
Conclui-se,
de
acordo
com
Hegel,
que
uma
coisa
é
ao
mesmo
tempo
ela
própria
–
Tese
–
e
uma
contrária
–
Antítese.
A
coisa
no
momento
é
simplesmente
uma
Síntese.
No
método
dialético
temos
duas
divis?es
opostas:
a
que leva
o
ser
para
a
sua
constru??o,
para
ser
precisamente
o
que
n?o
é.
d)
Em várias
oportunidades,
um
processo
que
se orienta
em
ritmo
quantitativo
de
repente
muda
qualitativamente.
Considera-se
qualitativo
quando
ocorre
a
mudan?a
na natureza.
Se
quisermos
uma
certa
quantidade
de água,
sua
temperatura
vai
subindo
quantitativamente
10,
15,
20
…
90
graus
centígrados;
aos
100
graus,
entretanto,
ocorre
uma
mudan?a
brusca
de
estado
físico.
Ela
entra
em
ponto
de
ebuli??o.
Trata-se
de
uma
mudan?a
qualitativa.
Ela
deixa
o
estado
líquido
e
passa
para
o
gasoso,
evapora??o.
Por
estas
raz?es,
percebe-se
que no encadeamento
dos
processos
dialéticos
as transforma??es
acontecem
quantitativa
e
qualitativamente
(OLIVEIRA,
1997).
No presente artigo, tal método se justifica devido à necessidade de
historiciza??o do objeto de pesquisa, levando-se em considera??o
suas causas e seus efeitos em todas as áreas de conhecimento e em
todos os campos da vida humana (TEIXEIRA, 2012; VERGARA, 2012;
VASCONCELLOS, 2010).
O
conhecimento é, de fato, construído, estruturado, individual e
coletivamente, ou seja, historicamente. N?o só por meio de
experiências nem só por meio de abstra??es é que se constrói o
conhecimento, sendo que, por essa raz?o, ainda que existam
determinados campos de uma área do saber de caráter cientificista
(i.e., teorético, abstrato), e outros de caráter tecnicista (i.e.,
prático, concreto), o conhecimento de toda e qualquer área de
conhecimento precisa ocorrer nas duas formas, simultaneamente ou n?o,
mas as duas para se tornar completo, adequado às realidades que
vivenciamos (VASCONCELLOS, 2010; ECO, 2012; TEIXEIRA, 2012; VERGARA,
2012).
2. Eixo
lógico: método hipotético-dedutivo
A
base estrutural dedutiva consiste no método de estrutura de
pensamento mais utilizada, aceita, respeitada e defendida pelos
cientistas racionalistas, devido ao nível de certeza por ela
produzido (B?RNI e FERNANDEZ, 2012). Historicamente, esse método
originou outros dois bem parecidos no que tange à estrutura de
pensamento: o axiomático-dedutivo e o hipotético-dedutivo. Sobre
esses aspectos, Bêrni e Fernandez (2012, p. 49) ratificam:
No
método dedutivo, o caminho é inverso àquele seguido no método
indutivo, uma vez que, partindo de alguns enunciados de caráter
universal, inferem-se enunciados particulares. Como fruto do
desenvolvimento conjunto da lógica e da matemática, a partir do
final do século XIX, o método dedutivo pode ser aplicado a dois
esquemas, historicamente mais recentes, que s?o o
axiomático-dedutivo e o hipotético-dedutivo.
O
primeiro caso é útil quando as premissas de partida s?o axiomas,
n?o demonstráveis, como no caso das ciências formais. No segundo,
ilustrado pelas ciências empíricas, os melhores resultados emergem
de situa??es em que as premissas sejam hipóteses que se refiram a
algum aspecto da realidade. [...]
Com
base nos pressupostos apresentados, deduz-se que o método dedutivo é
a base mais confiável, razoável, e, portanto, segura de se
estruturar o pensamento no processo de produ??o de conhecimento
(B?RNI e FERNANDEZ, 2012).
3. Eixo
técnico: método observacional n?o participante bibliográfico
a)
Abordagem de pesquisa: qualitativa
Considera-se
abordagem qualitativa aquela cujos dados e linguagem sejam
predominantemente alfabéticas. Sobre essa abordagem de pesquisa,
Rodrigues (2007, p. 38) explana:
Qualitativa
é a pesquisa que - predominantemente - pondera, sopesa, analisa e
interpreta dados relativos à natureza dos fen?menos, sem que os
aspectos quantitativos sejam a sua preocupa??o precípua, a lógica
que conduz o fio do seu raciocínio, a linguagem que expressa as suas
raz?es. Também n?o denota filia??o teórico-metodológica, nem
implica o uso de hipótese, de experimenta??o ou de qualquer outro
detalhe. Sintetizando: qualitativa é a denomina??o dada à
pesquisa que se vale da raz?o discursiva. [...]
Buscou-se
em tais dados e linguagem a compreens?o da metodologia da pesquisa
científica, em todos os seus aspectos.
b)
Base procedimental: observa??o
A
observa??o é a técnica mais utilizada para a coleta de dados, e
se faz presente em toda pesquisa científica, haja vista que é por
meio dela que se realiza a revis?o bibliográfica e ou documental do
tema selecionado para investiga??o. Todavia, embora a literatura
crítica apresente vários tipos de observa??o, existem basicamente
dois tipos dela: a direta,
ou participante, que constitui uma técnica aplicada in
loco,
ou seja, no local onde se encontra o objeto do estudo; e a indireta,
ou n?o participante, que constitui uma técnica aplicada à
dist?ncia do local onde se encontra o objeto de estudo.
Quer
a observa??o participante, utilizada por exemplo na pesquisa-a??o,
em estudos de casos observacionais e na etnografia participante, quer
a observa??o n?o participante, utilizada por exemplo na pesquisa
bibliográfica, na pesquisa documental ou na etnografia n?o
participante, existem cuidados importantes que precisam ser tomados.
Sobre esse aspecto, Martins (2008, p. 109) salienta:
A
observa??o consiste em um exame minucioso que requer aten??o na
coleta e análise dos dados. Para tanto, a observa??o deve ser
precedida por um levantamento de referencial teórico e resultados de
outras pesquisas relacionadas ao estudo. Formalmente, é desejável a
constru??o de um protocolo de observa??o, que, evidentemente,
fará parte do protocolo do Estudo de Caso. Observar n?o é apenas
ver. A validade (será que se está observando aquilo que de fato se
deseja observar?) e a confiabilidade, ou fidedignidade (será que
sucessivas observa??es do mesmo fato ou situa??o oferecem
resultados semelhantes?) poder?o ser atingidas se a observa??o
for, rigorosamente, controlada e sistemática. Implica em um
planejamento cuidadoso do trabalho e prepara??o do observador. O
plano delimitará o fen?meno a ser estudado, indicará o que se deve
observar, as maneiras de se observar, a dura??o, periodicidade,
modo de registros e controles para garantia da validade e
confiabilidade. [...]
A
observa??o pode ser direta, denominada observa??o participante
(OP), quando o observador-pesquisador participa dos eventos a serem
estudados, ou pode ser indireta, denominada observa??o n?o
participante (ONP), quando o observador-pesquisador se vale somente
da literatura crítica sobre os eventos a serem estudados sem,
contudo, deles participar. Distinguindo os dois tipos de observa??o,
Martins (2008, p. 25) explana:
[...]
A OP é uma modalidade especial de observa??o na qual o pesquisador
n?o é apenas um observador passivo. Ao contrário, o pesquisador
pode assumir uma variedade de fun??es dentro de um Estudo de Caso e
pode, de fato, participar dos eventos que est?o sendo estudados. O
observador-pesquisador precisará ter permiss?o dos responsáveis
para realizar o levantamento e n?o ser confundido com elementos que
avaliam, inspecionam ou supervisionam atividades. O grande desafio do
investigador é conseguir aceita??o e confian?a dos membros do
grupo social onde realiza o trabalho de campo [...]
As principais formas da observa??o participante s?o a entrevista, bastante utilizada nos estudos de caso, nas pesquisas de campo em geral, nas biografias e nas etnografias n?o participantes (VERGARA, 2012; YIN, 2010), e a interven??o, utilizada nas pesquisas-a??o (THIOLLENT, 2011). Por sua vez, as principais formas da observa??o n?o participante s?o os levantamentos bibliográficos (dados secundários), os levantamentos documentais (dados primários), e a leitura científica, utilizada em todas as pesquisas quando da revis?o da literatura e outras partes (GIL, 1999; 2010; SEVERINO, 2007).
d)
Técnicas de pesquisa:
O
levantamento bibliográfico
O
levantamento bibliográfico visa à coleta de dados secundários, ou
seja, aqueles que já foram submetidos a algum tipo de manipula??o,
denominados literatura crítica. Ele é utilizado para a revis?o da
literatura e, portanto, necessário a todas as espécies de pesquisa.
Configura-se na técnica de coleta de dados dos livros e dos
trabalhos acadêmicos em geral, tais como TCC’s, monografias,
disserta??es, teses, artigos científicos, resenhas científicas,
etc. Os seus instrumentos fundamentais s?o as bibliografias.
Gil (2010, p. 29) explana sobre tal tipo de pesquisa com os seguintes
dizeres:
A
pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já
publicado. Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui
material impresso, como livros, revistas, jornais, teses,
disserta??es e anais de eventos científicos. Todavia, em virtude
da dissemina??o de novos formatos de informa??o, estas pesquisas
passaram a incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas
magnéticas, CDs, bem como o material disponibilizado pela internet.
Foram
levantadas várias fontes bibliográficas sobre o tema do presente
artigo, percorrendo de forma bastante abrangente, ainda que n?o
exaustiva, a vasta literatura crítica sobre o tema investigado. Foi
identificada, por meio desse processo, a imensa imprecis?o
terminológica, taxon?mica e conteudal presente na mesma e
buscou-se, na medida do possível, a sua elimina??o.
Análise
de discurso
A
análise de discurso (AD) é a técnica de interpreta??o de dados
específica para a abordagem qualitativa. Ela está atrelada à
metodologia das pesquisas observacionais, sendo bastante utilizada no
campo das ciências sociais, visando descobrir fatos e causas do
comportamento humano bem como compreender as intera??es humanas.
Sobre tal técnica, Martins (2008, p. 55 e 58) elucida:
[...]
Ao perseguir o desafio de construir interpreta??es, a Análise do
Dicurso (AD) parte do pressuposto de que em todo discurso há um
sentido oculto que pode ser captado, o qual, sem uma técnica
apropriada, permanece inacessível. [...] A AD permite conhecer o
significado tanto do que está explícito na mensagem quanto do que
está implícito - n?o só o que se fala, mas também como se fala.
[...]
A
Análise do Discurso pode demonstrar que o que é lido n?o é a
realidade, mas apenas um relato da realidade propositadamente
construído de determinado modo, por determinado sujeito.
A
diferen?a fundamental entre a AD e a AC – Análise de Conteúdo –
é que a primeira é utilizada para analisar e interpretar dados
qualitativos, ao passo que a segunda, dados quantitativos (MARTINS,
2008).
f)
Instrumentos de pesquisa:
o protocolo observacional
O
protocolo
observacional
é o instrumento próprio das pesquisas observacionais. Trata-se de
um meio para se registrar as informa??es produzidas durante a
observa??o. Pode ser um caderno, um bloco de anota??es, ou mesmo
uma página para rascunho. O objetivo é planificar tudo o que foi
observado sobre o objeto de pesquisa, suas características, suas
varia??es, as possíveis causas e os possíveis efeitos das
varia??es, o que foi feito durante a observa??o, o que n?o foi
feito durante ela e o (s) seu (s) respectivo (s) porquê (s).
Comumente, o registro das informa??es no protocolo observacional é
separado em notas
descritivas
(aquilo que se observa de fato) e notas
reflexivas
(as interpreta??es ou reflex?es daquilo que se observa). Sobre
esses aspectos, Creswell (2010, p. 2015) ratifica:
[...]
Os pesquisadores com frequência se engajam em observa??es
múltiplas no decorrer de um estudo qualitativo e usam um protocolo
observacional
para registrar as informa??es. Ele pode ser de uma única página,
com uma linha dividindo-a ao meio no sentido longitudinal para
separar as notas
descritivas (retratos
dos participantes, reconstru??o de diálogo, descri??o do local
físico, relatos de determinados eventos ou atividades) das notas
reflexivas
(os pensamentos pessoais do observador, tais como “especula??o,
sentimentos, problemas, ideias, palpites, impress?es e preconceitos”
[...]). Também podem ser escritas dessa forma as informa??es
demográficas sobre o tempo, o local e a data do local de campo onde
ocorreu a observa??o. [...]
Com
base nos pressupostos apresentados, deduz-se que o protocolo
observacional é instrumento fundamental nas pesquisas observacionais
e que, para n?o dificultar ou mesmo impedir a sua adequada execu??o,
ele só pode ser inutilizado quando substituído por outro
instrumento equivalente, tal como o diário de campo.
Considera??es
finais
A
pesquisa científica tem grande import?ncia social devido ao seu
poder de transformar a sociedade, resolvendo problemas e
reestruturando processos econ?micos, políticos, tecnológicos,
culturais, sociais e até mesmo científicos. Por exemplo, as grandes
revolu??es sociais e industriais ocorridas nos últimos séculos
tiveram a sua base nas descobertas científicas (K?CKE, 1997).
O
método é um elemento muito importante para o desenvolvimento da
ciência porque ele, quando adequado com o objetivo da pesquisa, com
o objeto de estudo e com o problema, direciona a pesquisa da maneira
correta para o conhecimento da verdade, maximizando os resultados
obtidos e minimizando tempo empregado na sua obten??o. Neste
diapas?o, pode-se levar em conta as seguintes palavras de Soares
(2003, p. 13):
Como
exemplo da import?ncia do método para o desenvolvimento da ciência,
pode-se lembrar que, no século XIX, objetivando estudar os
neur?nios, o médico italiano Camilo Golgi desenvolveu um método
de colora??o por prata
que, ao microscópio, revelada toda a estrutura de um neur?nio,
incluindo o corpo celular e seus dois principais tipos de proje??o
ou prolongamento: os dentritos e os ax?nios. Com base no uso do
método de colora??o por prata de Golgi, o histologista espanhol
Santiago Ramón y Cajal conseguiu marcar as células individuais,
mostrando dessa forma que o tecido neural n?o era uma massa
contínua, mas uma rede de células distintas.
Hoje,
existem inúmeros e avan?ados métodos de estudo do sistema nervoso,
os quais s?o utilizados em conformidade com o objetivo da pesquisa,
com o objeto de estudo e o problema. Por exemplo, um dos métodos
utilizados para o estudo do sistema nervoso é o método de produ??o
de les?es seletivas
por meio de aplica??o múltipla e típica de drogas (neurotoxinas)
ou, ainda, por meio de aplica??o de radia??o, com a finalidade de
estudar os efeitos de determinada les?o no comportamento de um
animal.
Por
essas raz?es, realizar adequadamente a pesquisa científica passou a
ser uma tarefa bastante séria e respeitada, dentro e fora do
contexto acadêmico. As institui??es de ensino superior e de
pesquisa passaram a adotar métodos mais rigorosos de avalia??o de
seus pesquisadores bem como de suas respectivas produ??es
científicas. Os estudos sobre o tema ganharam maior dissemina??o e
destaque (SOARES, 2003; TEIXEIRA, 2012).
Entretanto,
apesar dos grandes avan?os da ciência, mormente nos últimos
séculos, a sua natureza hipotética a torna provisória, inacabada e
infalível, tal como Soares (2003, p. 13-14) pontua:
Assim,
pode-se afirmar que o conhecimento científico é uma cren?a
verdadeira e justificada, fato este que nos leva a acreditar que o
conhecimento acha-se essencialmente correlacionado com a verdade.
Apesar
dessa afirma??o, n?o se pode esquecer que a ciência n?o é
considerada como algo pronto, acabado ou definitivo. N?o é a posse
de verdades absolutas e imutáveis, mas uma busca constante de
explica??es e solu??es, de revis?o de seus resultados.
Dentro
desses limites, a justifica??o das teorias científicas é um
elemento da busca da verdade (mesmo que se saiba que a verdade
absoluta das coisas em seu sentido ontológico ou mesmo empírico
nunca será alcan?ada). Essa justifica??o só se constrói com
base em um caminho próprio de cada ciência, ou, em outras palavras,
no método científico, o qual se apresenta como um meio, um caminho
para a busca da verdade.
No
que tange à ética na pesquisa científica, ela é o elemento
propulsor da autêntica cientificidade. Um trabalho n?o pautado na
ética n?o merece, n?o pode e nem deve ser considerado científico.
O respeito pela qualidade da pesquisa produzida só merece o
pesquisador ético. A integridade científica dever ser o principal
aspecto avaliado pelas institui??es de ensino superior (IES) e
pesquisa quando das orienta??es destinadas aos seus pesquisadores
discentes ou docentes. Práticas de combate às más condutas
científicas devem ser disseminadas e defendidas pelas IES e pelos
pesquisadores em suas pesquisas. Os Códigos de ?tica, tanto os
nacionais como os internacionais, precisam ser respeitados.
A
ciência está progredindo. Contudo, há barreiras impeditivas para
um maior progresso científico, dentre as principais as imperfeitas
interpreta??es humanas e as más adequa??es e ou aplica??es dos
métodos de pesquisa por parte dos pesquisadores. O domínio da
língua vernácula e do uso adequado dos três pilares da pesquisa
científica, nesse presente artigo apresentados, cumprem o papel de
minorar a imprecis?o terminológica, taxon?mica e conteudal sobre o
tema, facilitando a sua compreens?o e o seu uso. Portanto, este
artigo tem grande valor contributivo no campo da produ??o de um
conhecimento razoavelmente seguro, válido, verdadeiro, e, por essa
raz?o, denominado científico.
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